VIA LACTEA
A Coleção Via Lactea tem uma forte relação com o conceito de sublime, uma das características empregadas no Romantismo Alemão. Entenda a relação desse período artístico com o conceito desenvolvido no processo de criação da coleção.
No Romantismo Alemão, grandes nomes como Beethoven, Immanuel Kant, Goethe e Casper David Friedrich contribuíram para o movimento em diferentes áreas. É na Alemanha que os filósofos vão definir o mundo interior do artista como sendo o contexto do romantismo. Nesse “interior” estavam presentes as mais diversas sensações e personalidades que o artista iria expressar. Além da atmosfera onírica, anseios, medos, do olhar visionário, é também nesse momento que surge a idéia do sublime.
Na pintura O Viajante sobre o Mar de Névoas, de Casper Friedrich, está representado um típico homem com as vestes burguesas, que observa uma paisagem. Não se trata de uma paisagem comum; é um mar coberto por uma intensa e dramática névoa, onde podemos ver alguns rochedos pontudos que sobressaem dessa espessa neblina. O personagem principal está de costas para o público, o que nos traz a idéia do eu. Aquele personagem pode tanto ser qualquer um de nós, pois ele vê o que vemos, como também despertar o interior do artista. Diante dessa paisagem perturbadora, a beira de um penhasco, ele contempla essa natureza que por um instante está quase o engolindo. Este sentimento de admiração por algo tão enormemente amedrontador é o sublime.
O sublime é exatamente a descrição da sensação que muitos têm quando admiram um céu estrelado, o fascínio pela imensidão. Se sentir tão pequeno e vulnerável diante de algo tão imenso e desconhecido. Quando observamos uma simples estrela ficamos fascinados com seu brilho, mas quando realizamos que ela está a anos luz de distancia, percebemos o quão vasto e gigantesco é esse universo.
Um ano-luz é a distância percorrida pela luz em 1 ano, em torno de 10 trilhões de km. Para termos uma ideia a estrela mais brilhante do céu noturno, Sírius, que está na constelação de Cão Maior, está a 8 anos-luz de distância, o que significa que quando enxergamos Sírius a vemos como era 8 anos atrás. Isso nos coloca em uma posição ínfima em relação a essa galáxia, mas ao mesmo tempo em que nos sentimos frágeis em relação ao todo, a magnitude do universo nos encanta sublimemente.